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junho 19, 2018

Colho o mel dos teus olhos tecido na minha ternura impaciente. Lavo-te os dias e deixo-os incólumes nos seus traços de carvão certeiro. Deixo-te a angústia tão nítida como a desenhaste o fio do lápis sem fim, nem semanas deixo-te os meses, os anos com os traços fortes intactos. Só levo um pouco do mel que vais derramando sedento pedindo timidamente o seio.

junho 10, 2018

CARNE E OSSO (Humberto Effe & Luiz Gustavo)
Você é minha cadeia, enjaulado fico preso no seu corpo 
Você me caça em suas teias como seu escravo, 
Selvagem não me canso 
Pra que fugir, me entregar, me entregar é a única saída 
Como seu escravo me perdi na sua selva.

Meu coração Meu coração 
Preso nessa cela abre as pernas da sua paixão.

O mundo anda mal, mas sou eu que não presto 
Sou resto de um ideia, de uma outra rebeldia 
O povo dessa cela se balança de alegria 
Vejo a tristeza se encharcar de euforia.

Bamba balança balança suas rédeas 
Querem o meu leite e o suor das minhas tetas 
Você me encontrou e fechou todas as portas 
Bebe do meu leite e do suor das minhas tetas.

Enquanto feras estão soltas, você me tortura a cada carência 
A cada violento arranhão 
Se pensa que isso é paixão, esqueça. 
Certas coisas não se sentem só no coração 
Será que alguém entende o meu amor? 
Você deve compreender o meu estranho jeito de ser demente 
Escravo do seu corpo 
Ou então achar esse o meu maior defeito.




DOCE DE NÓS (Marina Lima)
Qual de nós
Vai olhar o placar
Quem vai decidir
Já raiou
E eu prefiro cozinhar
Restos da calda de mel.

Que serviu
Pra nós dois
Outros tempos assim
Já nos adoçou
Eu por mim
Te apertava contra mim
Até essa dor flutuar.

É um jogo violento
É meio mal versus bem
Vamos ficar atentos e nos darmos bem
O amor as vezes pira
E gosta de provocar
Causa as maiores brigas
Só pra testar o ar.

Então passe o sal
Ou desligue o motor
Só não saia daqui
Vem reinar a medida do amor
Vem me invadir.

junho 01, 2018

TREM DO PANTANAL (Geraldo Roca - Paulo Simões )
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra.

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
O povo lá em casa espera que eu mande um postal
Dizendo que eu estou muito bem vivo
Rumo a Santa Cruz de La Sierra.

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
Só meu coração está batendo desigual
Ele agora sabe que o medo viaja também
Sobre todos os trilhos da terra.
Pintura de Mauricio Saraiva)