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abril 27, 2020

ROMANTISMO(Liz Christine)
não desejo sua dor
assistir o seu prazer
me faz descobrir
você é meu amor
preciso te fazer
e quero te ver
bem, alegre, satisfeito
seu prazer me diz respeito
porque minha satisfação
depende
da sua realização
entende?

Meu romantismo
é o mais puro egoísmo.

Quero te ver realizado
Meu amor apaixonado
Não por você, mas por mim
Porque isso me dá prazer, só por isso prazer,
prazer é o meu sentido! O que me guia, inspiração,
poesia, tesão, sexo. Você é minha doce paixão!
MEU BRINQUEDO (Liz Christine)
Você quer me algemar?
Me desnudar
Me cobrir
Com beijos
Em seu olhar
Faíscam desejos
Quero te amar
Sem medo
Quero ser
Seu brinquedo
Quero te ver
Me desvendando
Me fudendo
Com amor
Estou nua
Te dizendo
Sem pudor
Me possua
Me ame sem medo
E seja meu brinquedo.
SEIOS (Hildo Rangel)
Teus seios pequeninos que em surdina,
pelas noites de amor, põem-se a cantar,
são dois pássaros brancos que o luar
pousou de leve nessa carne fina.

E sempre que o desejo te alucina,
e brilha com fulgor no teu olhar,
parece que seus seios vão voar
dessa carne cheirosa e purpurina.

Eu, para tê-los sempre nesta lida,
quisera, com meus beijos, desvairado,
poder vesti-los, através da vida,

para vê-los febris e excitados,
de bicos rijos, ávidos, rasgando
a seda que os trouxesse encarcerados.
ORGIA (Liz Christine)
Gemidos
Sussurro
Lábios, pele, beijo
Em seus ouvidos
Ainda procuro
Como descrever o que vejo?
O que sinto ao te ver
Em meio a essa orgia
Nunca quis te pertencer
Tão livre, e você nem sabia
Tudo que poderia
Encontrar
Experimentar
Em si mesma, você
Minha nudez
Meu prazer
Você vê
Um engano? Talvez
Eu queira ser
Sua, talvez, eu nem sei
O que eu senti?
Ao te ver me olhando
Você beijando alguém
Uma pessoa gemendo
E eu gozando
Quero o seu beijo, vem
Estou dizendo
Sussurrando
Meus lábios te procurando
E outro corpo me domina
Outra língua me fascina
Vários corpos, sua mão
E eu tento dizer
Eu te amo
Amo sua mão
Mas você nem vai saber
Que era pra você que eu falei
E foi então
Nesse exato momento
Que escutei
Algum pensamento
Alguém pensando em voz alta
"aquela ali, a ruivinha
a ruivinha é a mais tarada"
Eu, tarada?
Nem vou responder
Te amo calada
E nem vou me arrepender
De estar te pervertendo
Você não era assim
Se liberte em mim
Amor, orgia
Talvez algum dia
Você saiba que eu sentia.
BUCETA (Antônio Mariano Lima)
Doce a palavra
buceta
doce o sal
de seu formato
doce se dócil
o seu cheiro
doce tão doce
o falá-la
doce o só
poder vê-la
doce melhor
o tocá-la
doce o mágico
realejo
doce o som
que dele arranca-se
doce a palavra
buceta
doce o sal
de seu formato.
DEPRAVAÇÃO (Liz Christine)
Escrever poesia sobre poesia?
Seu corpo é poesia
Sua voz me domina
Tão macia
Você é matéria-prima
Se converte
em poesia
Sua voz me derrete
Você é doce melodia
Que me aquece
Toque, pele, olhar
Basta respirar
Sua respiração
me excita
Porque arte é tesão
Paixão na escrita
Quero sua penetração.

Invadida
Pela criação
Fudida
Por você, paixão
Eu quero, preciso e me entrego
Te amo e não mais nego
Não nego, omitir
Não é admitir.

Nem ouse perguntar
Escrevo por estar
Sentindo
Que amar
É forte, intenso, lindo
Seu olhar
Me despindo
Vem me seduzindo
Vem... e me abraça
E me pega
Com violência, amor
Sou devassa
Minha mão escorrega.

E já estou te abraçando
Seus dedos deslizam
Provocando
Prazer, arrepios, desejos
Que se concretizam
E já estou segurando
A paixão concretizada
Não está mais assustando?
Amor, continue me depravando.

Depravar é alterar
E estou me entregando
Te amar
Não está me machucando.

Você tinha razão.
Amor é prazer e diversão
Com conteúdo
E tesão
Profundo
Amor é tudo.
TULIPA  VERMELHA (Letícia Luccheze)
A livraria, perfumaria, supermercado, floricultura.
O cinema.
A loja de roupas, acessórios, cremes.

Ao cair da tarde.

O decote em meio as pernas e nos seios transpirarem.
No olhar um convite ao deleito do prazer.
Flutuava no caminhar,
levando os homens à perdição.

Pessoas vinham e iam.

O maço de flores.

Desejada!
Chamava atenções.

A negra noite cobriu o gramado umedecido;
juntamente com as estrelas que o céu acolhia.

Do alto da janela a fragrância.
Doce, quente, sagaz, ardente.
Libertava os instintos selvagens.

Sussurros de gemidos...
      ...gemidos de sussurros...
           ...sussurros de gemidos...

Flores ao ar foram ao chão.
Suadas, embranquecidas.
GEOGRAFIA ABSTRATA(Eliana Mora)
Estou com muita saudade
da tua geografia
e olhando esta paisagem
lembrei-me daquele abraço
que aconteceu na garagem
os carros por testemunha
calados a perceber
que alguém chegou por aqui
para vida oferecer.

E o que de há muito queria
sonhando na
minha cama
ganhou honras de verdade
e eu nem realizara
tudo o que tinha vontade.

Acho que agora lembrei
te vi no sonho a meu lado
e então aproveitei
que estavas junto a mim
e deixei de ser prudente
pedi mesmo que fizesses
tudo aquilo que quizesses
que me deixasse
demente
que colocasse algo quente
aqui bem dentro de mim.

Tu ficaste arrepiado
com o teu corpo grudado
nesta pele
de menina
e com o norte e o sul
virando de leste a oeste
iniciamos viagem
sem querer imaginar
quando começa
ou termina.

O desejo do teu corpo
tua pele tua carne
traz teu cheiro teu sabor
e chego a te ver aqui
sussuro grito
e berro
falo alto até cansar
palavras de todo tipo
para me aliviar.

E essa paixão danada
parece estar desenhada
no mapa de
dois amantes.

Mas ela avisa que pode
e precisa ser
de todos
de príncipe e de duquesa
de realeza e povão
com rota sempre perfeita.

Passaporte
de beleza
Viagens
do coração.
OS TEUS OLHOS (David Mourão Ferreira)
Os teus olhos
exigindo
ser bebidos.

Os teus ombros
reclamando
nenhum manto.

Os teus seios
pressupondo
tantos pomos.

O teu ventre
recolhendo
o relâmpago.
ELE (Julieta Lima)
Ele
Agarra-me os cabelos
Morde-me os braços
Beija-me os dedos
E não me diz nada
Não me toca sequer.
Mas para eu me sentir amada
E me sentir mulher
Bastam-me os seus olhos.

Até que eu solte de mim

O cio da fera
Que ando a mascarar de branca asa
E o arraste por fim
Sem pudor sem roupa
Para a minha casa!

OS TEUS SEIOS (José Félix)

OS TEUS SEIOS (José Félix)
Os teus seios na palma da mão
são duas laranjas novembrinas
como aromáticas concubinas
a mentir desejos e amor não.

Sorvo o sumo doce e laranjeiro,
prostituido, sim, mas com paixão
os frutos rijos do pomareiro.
Os teus seios na palma da mão.

PRIMEIRO SUSPIRO ( Isabel Machado )


Arromba!
Penetre entre as gretas que te enxergam
Adentre pelos poros que veneram
o teu suor no meu endoidecido.

Arromba!
Por todos os meus lados puritanos
tão virgens e tão castos, espartanos
te engulo feito louca ao teu gemido.

Arromba!
Teu gozo exploda em mim feito uma bomba
debata-se e debata-se vencido
calando o meu grunhir na tua boca.

E...
depois da casa arrombada
não reste mais nada
por viver.
AMO TRÊS GESTOS TEUS(Giosi Lippolis)
Amo três gestos teus quando, senhor,
me incendeias do teu próprio fogo.
Te serves do meu corpo, minha boca
sorves na tua, me penetras...
És poderoso, vivo, estás feliz.
Mas depois disso cada minuto é meu.
UNIVERSO MASCULINO (Rosa Clement)
Quando o luar se inclina pela janela
e mostra tua nudez,
és como um céu luminoso,
e eu quero compartilhar com a lua,
teu universo masculino.

A lua se deita no teu peito,
eu aqueço ainda mais teu corpo
com os meus lábios mornos.
Mas eu, sou tua estrela do desejo,
teu astro em fogo, na cama.

São as luzes do jardim
que desenham sombras voluptuosas
com as nossas silhuetas,
porque a lua envergonhada
se esconde no seu próprio céu.
Eu fico para explorar o meu,
de cima, de baixo.
A PELE E O VENTO (Nalu Nogueira)
Quando a madrugada vem
e o vento sopra
a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de
arrepios.

E se o vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo
os pelos
a pele, que é poesia,
mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos
de delírios
e espera suplicante o toque
redentor.

        (até que o vento, em sopros
        de amor
        se deita sobre a pele
        e suas mãos segura.)

então a pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do vento
lhe fazerem cócegas; ouve os
sussurros do vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo

        e cândida, rende-se;
        lânguida, deita-se;
        ávida, molha-se;

sente nas costas o peso
do vento
        e treme;
        agita-se;
        inunda-se;
        e sonha;

tem dentro de si o corpo
do vento
        e tranca-se;
        e move-se;
        e geme;
        e goza
        (grávida, imensa, grata, plena);

quando a madrugada vem
e o vento sopra
a pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica
diferente.
CEREJAS, MEU AMOR (Renata Pallottini)
Cerejas, meu amor,
mas no teu corpo.
Que elas te percorram
por redondas.

E rolem para onde
possa eu buscá-las
lá onde a vida começa
e onde acaba

e onde todas as fomes
se concentram
no vermelho da carne
das cerejas.

LUA (Léa Wader)
Meia noite
enlouqueço
e uivo pra lua;
perco o controle
e me preparo
pra ser tua.
PRAZER E ÊXTASE (Stela Fonseca)
O prazer se
faz em êxtase:
quando o
meu corpo,
feito água,
descobre
todos os
caminhos
do seu.
E deixa-se
ficar
onde você
mergulha em
mim.

NOTURNOS VIII
Gilka Machado (1893-1980)
É noite. Paira no ar uma etérea magia;
nem uma asa transpõe o espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a lua, do alto, fia
véus luminosos para o universal noivado.

Suponho ser a treva uma alcova sombria,
onde tudo repousa unido, acasalado.
A Lua tece, borda e para a terra envia,
finos, fluidos filos, que a envolvem lado a lado.

Uma brisa sutil, úmida, fria, lassa,
erra de vez em quando. E uma noite de bodas
esta noite… há por tudo um sensual arrepio.

Sinto pelos no vento… e a volúpia que passa,
Flexuosa, a se rocar por sobre as casas todas,
como uma gata errando em seu eterno cio.