NOTURNOS VIII
Gilka Machado (1893-1980)
É noite. Paira no ar uma etérea magia;
nem uma asa transpõe o espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a lua, do alto, fia
véus luminosos para o universal noivado.
Suponho ser a treva uma alcova sombria,
onde tudo repousa unido, acasalado.
A Lua tece, borda e para a terra envia,
finos, fluidos filos, que a envolvem lado a lado.
Uma brisa sutil, úmida, fria, lassa,
erra de vez em quando. E uma noite de bodas
esta noite… há por tudo um sensual arrepio.
Sinto pelos no vento… e a volúpia que passa,
Flexuosa, a se rocar por sobre as casas todas,