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27/04/2020

A PELE E O VENTO (Nalu Nogueira)


Quando a madrugada vem
e o vento sopra
a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de
arrepios.

E se o vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo
os pelos
a pele, que é poesia,
mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos
de delírios
e espera suplicante o toque
redentor.

        (até que o vento, em sopros
        de amor
        se deita sobre a pele
        e suas mãos segura.)

então a pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do vento
lhe fazerem cócegas; ouve os
sussurros do vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo

        e cândida, rende-se;
        lânguida, deita-se;
        ávida, molha-se;

sente nas costas o peso
do vento
        e treme;
        agita-se;
        inunda-se;
        e sonha;

tem dentro de si o corpo
do vento
        e tranca-se;
        e move-se;
        e geme;
        e goza
        (grávida, imensa, grata, plena);

quando a madrugada vem
e o vento sopra
a pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica
diferente.