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outubro 23, 2024

SUCULENTOS LÁBIOS DE ROMÃ ( Célia Moura )

 Suculentos esses lábios de romã

rubros
incandescentes
são a prece
onde as línguas se perdem e prendem
no Olimpo das madrugadas
quais arautos de loucura
rodopiando sémen
nas virgens do caminho.

Este Caminho
feito de silêncio e de grito
esta feroz atrocidade
inscrita no rosto das almas
este poema sem destino
este local repleto de mar
cravos, e tão sem nada!

Este local repleto de vozes
gritos de um povo
a dizer basta
onde estou prostrada
porque eles,
eles na verdade não sabem dizer nada!

Quero suculentos os lábios rubros de romã
apaixonados!

Quero sangue, seiva, sémen
muito, muito mais que o necessário!
Quero laivos de lúcida loucura pelas praças
em todas as poesias

Rasgos de embriaguez em todas as músicas e lagostins.
Papoilas bailando pelos meus belos jardins.
Quero mais alva a verdade
mais veloz que o vento em noite de tempestade
e feroz.

E sempre suculentos teus lábios de romã
e teus gestos de menino
entre as escarpas do abismo,
porém mais verdade o amanhã
no amor que me juraste
quando nossos corpos eram o hino
e as tochas que iluminavam as virgens pelo Caminho
numa pátria de rubro sangue, seiva e loucura destinada

Só as línguas que se perdem e prendem são verdade
e eu fico aqui nas escarpas do abismo a aguardar
a Verdade do Amanhã
quiçá em suculentos bagos de romã.