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fevereiro 25, 2017

SE (Rudyard  Kipling)

Se és capaz de manter a tua calma quando

Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;

De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo,
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes

E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!
(Tradução: Guilherme de Almeida  )



fevereiro 23, 2017

PORTA SECRETA (Ana Elisa)
O desejo me consome.
Arde na pele,
Joga-me ao fogo insano.
Enlouquecedor da paixão.

Sob os lençois, me esperas.
Rendo-me em tuas mãos possessivas e ansiosas
Coxas grossas, corpo largo.
Deleito-me, rouca, doce e sem armadura.
A vontade lateja e pede urgência.
Seios entumescem,
Com teu corpo beijando meus espaços vazios.
Respiração pede ar, pede fôlego.
Sussurra e implora:
Aspira-me
Renda-me
Trague-me
Usa-me
Molde-se
Esgota-me
Possua-me.

Minha pele em fogo de amante,
Procura tua boca, teus gestos
Pede tua entrega exagerada e sem pudor.
Vem, abraça forte.
Uiva segredos nas minhas entradas.
Derrama e revela tua volúpia,
Em espasmos carmim
Deita tua loucura dentro de mim:
Explorando
Absorvendo
Consumindo.

Depois, descansa teu corpo
Repousa tuas noites insones sobre a pele
Pese teu corpo no meu e adormeça.
Só assim, alma nua, corpo úmido.
Cheiro incrustado nas entranhas.
E tua boca madura.
Sensual.
Porta secreta para o paraíso.

Nessa desordem rouca de murmúrios,
Amanhecemos.
Eu amante, cúmplice, eu amiga,
Languidamente tua.

DESPERTA-ME (Ana Elisa)
Deita no meu leito e desperta-me.
Para que eu te guarde, rouco, doce, fogo.

Remexa meus lençois e desperta-me.
Sussurrando palavras que a noite oculta.

Desperta-me.
Em tuas mãos obscenas
E me faça gemer de dor.

Desperta-me.
Para que eu posso pecar em teu corpo
E travar tuas mãos nos beirais.

Seduza-me em tua boca,
Sem palavras, sem ar, sem fôlego
Deixa-me sedenta dos teus líquidos.

Devasta-me, insanamente.

Arrasta-me por vãos e vales
Onde abandonei meus desejos
e esqueci como ser mulher.

Devora-me, pausadamente
Para que eu sinta teus arrepios em mim.

E finalmente, ata-me em teu corpo nu,
Prenda-me em teus pelos, poros.
Em teu hálito bêbado.
Misture-se e perca-se no meu cheiro.

Vem, meu amor e degusta-me!

PROVA-ME (Ana El¡sa)
 Quero teu beijo desesperado,
Molhado, melado e demorado.
Cheio de toques, promessas
De apertos salivados.

Preciso do teu beijo desesperado
Que nos abrigue, nos obrigue
A amanhecermos amantes.
Úmidos e deliciosamente grudados.

Surpreenda-me, vem.
Estou com pressa para te confessar pecados.
Inquieta e cansada das esperas.
Beija forte, beija fundo
Vem mergulhar nas minhas águas.

Estou pronta (ou quase)
Despindo medos, despindo vestes, arrepiando a pele.
Cheia de dedos, de cremes, de beijos.
Vem logo, apresse-se
Provoca-me.
Merecemos essa festa, nossa e a dois.
Vem ser meu.
Prova-me.

MUDANÇA EM NÓS (Susana Maurício)
Quando como amantes nos entregamos,
Olho com espanto a mudança em nós.
Mãos suaves em sensuais carícias.
Olhares límpidos e transparentes,
que com o orgasmo se tornam velados.
Nossos corpos unidos de forma
 tão harmoniosa.
Como nos transformamos, quando o desejo,
o amor e, a paixão de nós se apodera.

Escuta escuta com atenção
o tom de nossas vozes.
Mudaram.
Estão roucas tal como solfejos
de sons poéticos vindos de outras vidas.
Irradiamos luz beleza etérea.
Brilhamos ensandecidos
na loucura dos sentidos
Sentimo-nos de Amor, Paixão, Excitação,
possessos, mudados mas venerados.
A locais inimaginados transportados,
na partilha do que há de mais sagrado,
o Amor em completa ascensão.
ATIRASTE  UMA  PEDRA
(Herivelto Martins  &  David Nasser)
Atiraste uma pedra
No peito de quem
Só te fez tanto bem
E quebraste um telhado
Perdeste um abrigo
Feriste um amigo

Conseguiste magoar
Quem das mágoas
Te livrou
Atiraste uma pedra
com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou

Quebraste um telhado
Que nas noites de frio
Te servia de abrigo
Feriste um amigo
Que os teus erros não viu
E o teu pranto enxugou

Mas acima de tudo
Atiraste uma pedra
Turvando esta água
Esta água que um dia
Por estranha ironia
Tua sede matou.


MODINHA
 (Antonio Carlos Jobim & Vinícius de Moraes)
Não, não pode mais meu coração 
Viver assim dilacerado 
Escravizado a uma ilusão 
Que é só desilusão 
Não, não seja a vida sempre assim 
Como um luar desesperado 
A derramar melancolia em mim 
Poesia em mim 
Vai, triste canção, sai do meu peito 
E semeia emoção 
Que chora dentro do meu coração.
LIVRE! Susana Maurício)
Sou livre!

Sempre e quando permitir,
refrear a minha mente de analisar
e soltar sem medo o meu sentir,
seja qual a forma de o conjugar.

Se mesmo um dia na prisão,
libertarei meus sonhos e mente,
deixarei fluir pelo coração,
mantendo-me rodeada de "gente".

Desfaço-me de moralismos,
tabus e, tantos preconceitos
que conduzem a fanatismos,
que só mostram tantos despeitos.

Se à distância meu olhar se encontrar
com um amor há muito esquecido,
meu sentir não deixa passar,
um sorriso com afecto sentido.

A Liberdade não se encontra somente,
em espaços livres e desimpedidos.
Encontramos luz livre interiormente,
ficamos esclarecidos e "iluminados".

Não me critiquem vos peço,
destes meus múltiplos sentires,
não os aceito terão desapreço,
serão alvo dos meus tristes sorrires.

Só vive quem é livre para Amar.
De puras entranhas saí com Amor.
Fui dada à luz num constante lutar,
com vigor trouxe à família novo calor.

Sou Livre!
Na vida é esse o meu lema.
Ser Livre!



EM LUME BRANDO (Susana Maurício)
Beijos de ternura em lume brando.
Em carícias, suas línguas brincavam,
e seus corpos incendiavam.
Em ritmo lento se mantinham,

fazendo permanecer as delícias

das carícias que ambos trocavam.

Cada recanto de seus corpos conheciam,
e neles esses pontos um no outro
sensualmente percorriam.
No mesmo ritmo, gradualmente aceleravam,
pois o sangue nas veias loucamente corria.

Ele sussurrava-lhe ao ouvido,
palavras ternas, provocadoras, intuitivas.
Ela não deixava por mãos alheias,
desse mesmo jeito o desejo dele atiçar.

Amavam-se. Queriam-se. Desejavam-se.
Sabiam quando o explodir do vulcão
estava iminente a erupção,
e o prazer em ondas de volúpia,
os conduzia à apoteose,
do orgasmo sentido como terapia.

Suas entranhas fecundadas pelo mel da vida,
resplandeciam, com um frémito e gemidos,
a dois em simultâneo sentido.
Por momentos permaneciam assim unidos,
para depois no calor do abraço
ficarem no repouso adormecidos.

QUERES
(Susana  Maurício, in "Delírios Eróticos)
Queres.
Deixar minha pele incandescente,
Sentir meu ser no vermelho do fogo

por tua boca que me percorre lentamente.
Sentir a contorsão do meu dorso,
que te dá gozo é nosso mudo diálogo.

Queres.
Despir-me com tuas mãos e dentes,
ensaiar nossa dança de mútua provocação.
Que seja a tua gata em telhado de zinco quente.
Sentir-me deslizar por tua pele em ebulição,
Encaixar-mo-nos com amor "indecentes".

Queres.
Prolongar os preliminares tão desejados.
Ficarmos ausentes em plena ventura.
Nosso mundo parar com o fogo em nós insuflado.
Pecaminosa, ousada com toda a doçura.
Fazer comigo amor sendo tu o meu amado.

Queres. Tens-me!
Mulher Fêmea.
Mulher Amante.
Mulher Completa.
Sou tua
no amor mais fogosa,
que um dia de sol incandescente.
Sou Tua
 a tua,
Gata em telhado de zinco quente.



PONTA DOS MEUS DEDOS
(Susana Maurícioin "Delírios Eróticos")
Na ponta dos meus dedos,
em ousados, sofisticados
e atrevidos gestos

tacteio tua pele.
Terna e suavemente,
para tua libido despertar.
Fazer o tudo em nós, acordae
na pureza do Amar.

Como Yin e Yang.
Preto e branco.
Homem e Mulher.
Ao assumir o desejo
que nos consome,
damos celestial cor a nossa vida
que só pode ser divinal.

O Vermelho da tua língua que me percorre.
O Amarelo da chama que se incendeia.
O Verde da floresta, onde nossos corpos
deslizam felizes já em festa.

O Azul do céu, em que livres voamos.
O Branco translúcido da saliva
que nos percorre
tão pura e pecadora, quanto o sentir
 do Amor que nos seduz.

Na ponta dos meus dedos,
somos tempo intemporal,
brisa, vento ou vendaval.
Em concha, coesos ficamos
no abraço aberto ao desejo,
e de nossos corpos fazemos
uma natural catedral!

Com a ponta dos meus dedos,
penetro o nosso âmago,
sem temor ou qualquer medo.
Com a Liberdade de quem afaga,
ama, provoca sem ficar quedo,
pois sabe que o amor, não se apaga,
quando assim se alimenta.

DORMIA NUA (Susana Maurício)
Não sei se me beijaste.
Não sei se me acariciaste.
Dormia nua serena.
Tua mão entre minhas coxas.
Acordei excitada,
Corpo pronto a te receber.
Abri os olhos vi teu corpo nu.
Falo erecto,
por mim de desejo ardente,
que o fazia latejar, no desejo
 de me penetrar.
Completamente desperta,
meu corpo por ti chamou.
Em silêncio nada dissemos.
Sobre mim te deitaste,
sexo contra sexo.
Libido em explosão.
"Batalha" de corpos trocamos,
rolamos, e sobre ti me sentei.
Em silêncio nada dissemos.
Nosso olhos excitados, lânguidos
com volúpia, e "gula",
de um ao outro satisfazer.
Tua espada em riste acariciei,
com a boca e  língua te saboreei.
Esta noite nossos corpos,
não aguentaram
pediam com urgência,
o fazer amor consumar.
Entraste em mim.
Entre meus rins te sentia,
meu corpo desesperado,
sentia em ti a iminência,
do teu mel dentro de mim
 se derramar.
Ritmo desenfreado
corpo arqueado,
no silêncio entre nós instalado,
ouvimos nossos gemidos,
do orgasmo em simultâneo,
por ambos alcançado.
Transpirados afogueados,
lado a lado ficamos
em silêncio mão na mão.
Descansámos com ternura,
nossos olhos um no outro,
se fixaram e sorriram.
Foi assim sorrindo com ternura,
que na paz dos corpos,
de amantes saciados
serenos adormecemos. 

fevereiro 22, 2017

SONETO DE TODAS AS PUTAS
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)
Não lamentes, ó Nize, o teu estado; Puta tem sido muita gente boa; Putíssimas fidalgas tem Lisboa, Milhões de vezes putas têm reinado; Dido foi puta, e puta de um soldado; Cleópatra por puta alcançou a coroa; Tu, Lucrécia, com toda a tua proa, O teu cono não passa por honrado: (cona) Essa da Rússia imperatriz famosa, Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta) Entre mil piças expirou vaidosa; Todas no mundo dão a sua greta;
Não fiques pois, ó Nize, duvidosa Que isso de virgem e honra é tudo peta.


NUDEZ (Gonçalo Salvado)
E era a terra
vastamente seca,
longamente nua,
que a ti se abria.
E eras tu, amor,
por mim despida,
o único verde
que a cobria.


A ETERNA AUSÊNCIA(
António Salvado)

Eu aguardei com lágrimas e o vento 
suavizando o meu instinto aberto 
no fumo do cigarro ou na alegria das aves 
o surgimento anónimo 
no grande cais da vida 
                                           desse navio nocturno 
que me trazia aquela com lábios evidentes 
e possuindo um perfil indubitável, 
mulher com dedos religiosos 
e braços espirituais.

Aquela mulher-pirâmide 
                                           com chamas pelo corpo 
e gritos silenciosos nas pupilas. 

Amante que não veio como a noite prometera 
numa suspensa nuvem acordar 
meu coração de carne e alguma cinza. 

Amante que ficou não sei aonde 
a castigar meus dias involúveis 
ou a afogar meu sexo na caveira 
deste carnal desespero!
 

fevereiro 21, 2017

QUATRO  ESTAÇÕES  
 (Maurício Gaetani, Ari Sperling & Cláudio Rabello)
Todas as flores da manhã
Se abriram para te ver
Volta pra mim
Esquece tudo
Sente o perfume da manhã
Vê se tenta me entender
Que seja assim
Nosso prazer.

Todas as quatro estações
Esperam por nós dois
O universo das paixões
Calor e frio
A confundir o antes e o depois.

Eu acordei nessa manhã
Procurando por você
Volta pra mim
Esquece tudo
Flores enfeitando maçãs
Eu guardei pra oferecer
Que seja assim
Nosso prazer.

Todas as quatro estações
Esperam por nós dois
O universo das paixões
Calor e frio
A confundir
O antes e o depois.

Pega a minha mão
E pensa no luar
Deixa tudo acontecer
Bem devagar.

Eu acordei nessa manhã
Procurando por você
Volta pra mim
Esquece tudo
Flores enfeitando maçãs
Eu guardei para oferecer
Que seja assim
Nosso prazer.

Que seja assim
Nosso prazer.


BEM OU MAL (Maurício Gaetani) 
Pode ser que seja normal
Acordar querendo te ver
Pode ser que seja fatal
Para mim, ficar sem você
Pode ser que o amor seja assim
E o remédio seja esperar
Pode ser que eu ria de mim
Quando tudo isso acabar
Antes que eu sinta mais saudades de você
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
Ainda é cedo e tudo pode acontecer
A chance é toda sua
Pode ser seu jeito de olhar
Um sorriso basta pra mim
Faz o mundo inteiro parar
Faz o coração dizer sim
Pode ser que eu queira demais
E você nem queira saber
Pode ser que seja fugaz
Mas eu quero estar com você
Eu visto a roupa mais bonita pra te ver
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
A noite cai e tudo pode acontecer
Debaixo dessa lua
Bem ou mal
Tudo se mistura, tudo é natural
Prazer e tortura juntos, bem ou mal
Se você quer calma, eu quero um temporal
De amor e prazer.
ÁLBUM  JAPONÊS (Eliane Pantoja Vaidya)
A gueixa dentro de mim
aprova o homem que tu és
Já meu samurai
retesou-se ao máximo
quando a mulher dentro de ti
soltou os cabelos
nuvens douradas sobre os ombros
e ofereceu-me sensualmente
a cabeça para que os prendesse
As minhas mãos
prontas para o voo
ficaram ao longe de meu corpo
nenhum músculo se mexeu.
Só meu coração
era cavalo bravo
galopando
alucinado
de desejo.
TRANSMIGRAÇÃO (Helga Holtz)
Basta sentir o peso do calor, 
a voz rude dos que dominam, 
o odor indisfarçável do real, 
logo um sonho me transpõe, 
busca teu sono para se acudir 
e te fazer sonhar, transmigrar, 
manchar com a fé nossa cama, 
sensual castelo, firme, irreal. 

PARTIDA ( Helga Holtz )

PARTIDA (Helga Holtz)
Em torno de ti tudo o que é ser 
balança incansável a cauda. 
Eu desaponto teu fiel séquito 
com a desobediência civil 
da minha atormentada alma. 
Incontáveis lendas legendam 
teu porte, tua alvíssima pele. 
A mim, consideram partida. 
Mas do teu pau, tantas asas, 
quantos castelos construíram? 
Eu desmonto teu exército 
de bacantes, ovelhas rivais.
Exibo, impassível, a todas, 
as feridas abertas, latejantes 
da tua morada em meus canais.
 
FLOR ABERTA (Everaldo Vasconcelos)
1
Minha carne abriu
Como uma flor rubra
Boca dentro de boca
Babando carnívora
Por charutos vivos.

2
Estou sem batom
Eu me sinto nua
Assim mesmo crua
Eu me sinto toda
Superprotegida
Até um beijo seu.

3
Nas ladeiras molhadas
De minha geografia
Passam os bondes tortos
Para o varadouro
De um túnel de mim.

4
O pequeno falo
Quer correr guloso
Sobre o tapete
Safado da fala
Voar nele veloz
Para mil orgasmos.

5
Quando a boca
Engole o falo
Pouco resolve a tinta
Porque se o coração
Estala
E a boca
Baba
A palavra permanece intacta
Alimentando
Os demônios.

6
Dedo na boca
Chupo
O homem
De outra mesa
O meu
Bebe
Cerveja.