VERGILIANA
(Maria Lúcia Dal Farra)
Descansa comigo
sobre a folhagem nova!
tenho frutas maduras, castanhas assadas,
fartura de queijo.
Ao longe um telhado fumega.
Nem de arbustos e tamarindos
os poemas se fazem.
É certo que assim verdejam
mas também em cinza se convertem.
Elevemos o canto: falemos da grande ordem,
da totalidade das coisas,
dos anéis de Saturno
do menino que há pouco nasceu
Os meses correm:
úmido mel destilam as mangueiras,
heras vicejam sobre o mato,
vermelhos pendem dos espinhais incultos.
As Parcas seus fusos correm
e a lã não mais imitará a cor:
o próprio carneiro no prado,
vai transformar seu velo em púrpura
ou dourado açafrão
já dispensam foices as videiras.
Alcêmo-nos para as grandes honrarias!
Um século há de vir em que o alento
torne o mundo poesia.