Seguidores

fevereiro 17, 2017

HORAS  RUBRAS
(Florbela Espanca)
Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas.
Oiço as olaias rindo desgrenhadas.
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas.
Os meus lábios são brancos como lagos.
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras.
Sou chama e neve branca e misteriosa.
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Nenhum comentário:

Postar um comentário