Seguidores

fevereiro 19, 2017

NÃO SE CASEM RAPARIGAS

(Boris  Vian)
Copla 1
Já viram um homem em pelo 
Sair de repente da casa de banho 
Escorrendo por todos os pelos 
Com o bigode cheio de pena 
Já viram um homem muito feio 
A comer esparguete 
Garfo em punho e ar de bruto 
Com molho de tomate no colete 
Quando são bonitos são idiotas 
Quando são velhos são horríveis 
Quando são pequenos são maus 
Já viram um homem gordo à beça 
Extrair as pernas do ó-ó 
Massajar a barriga e coçar as guedelhas 
Olhando pensativo para os pés. 
Refrão 1
Não se casem raparigas não se casem 
Façam antes cinema 
Fiquem virgens em casa do papá 
Sejam serventes no carvoeiro 
Criem macacos criem gatos 
Levantem a pata na Ópera 
Vendam caixas de chocolate 
Professem ou não professem 
Dancem em pelo para os gagás 
Sejam matadoras na avenida do Bois 
Mas não se casem raparigas 
Não se casem.
Copla 2
Já viram um homem à rasca 
Chegar tarde para o jantar 
Com baton no colarinho 
E tremeliques nas gâmbias 
Já viram no cabaret 
Um senhor não muito fresco 
Roçar-se com insistência 
Numa florzinha de inocência 
Quando são burros aborrecem 
Quando são fortes fazem sports 
Quando são ricos guardam o milho 
Quando são duros torturam 
Já viram ao vosso braço pendurado 
Um magrizela de olhos de rato 
Frisar os três pelos do bigode 
E empertigar-se com um ar de bode. 
Refrão 2
Não se casem raparigas não se casem 
Vistam os vossos vestidos de gala 
Vão dançar ao Olímpia 
Mudem de amante quatro vezes por mês 
Peguem na massa e guardem-na 
Escondam-na fresca debaixo do colchão 
Aos cinquenta anos pode servir 
Para sacar belos rapazes 
Nada na cabeça tudo nos braços 
Ah que bela vida será 
Se não se casarem raparigas 
Se não se casarem.
 Tradução de Irene Freire Nunes & Fernando Cabral Martins 

Nenhum comentário:

Postar um comentário