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fevereiro 22, 2017

A ETERNA AUSÊNCIA(
António Salvado)

Eu aguardei com lágrimas e o vento 
suavizando o meu instinto aberto 
no fumo do cigarro ou na alegria das aves 
o surgimento anónimo 
no grande cais da vida 
                                           desse navio nocturno 
que me trazia aquela com lábios evidentes 
e possuindo um perfil indubitável, 
mulher com dedos religiosos 
e braços espirituais.

Aquela mulher-pirâmide 
                                           com chamas pelo corpo 
e gritos silenciosos nas pupilas. 

Amante que não veio como a noite prometera 
numa suspensa nuvem acordar 
meu coração de carne e alguma cinza. 

Amante que ficou não sei aonde 
a castigar meus dias involúveis 
ou a afogar meu sexo na caveira 
deste carnal desespero!
 

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