SONETO DE TODAS AS PUTAS
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)
Não lamentes, ó Nize, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado;
Dido foi puta, e puta de um soldado;
Cleópatra por puta alcançou a coroa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado: (cona)
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil piças expirou vaidosa;
Todas no mundo dão a sua greta;
Não fiques pois, ó Nize, duvidosa
Que isso de virgem e honra é tudo peta.