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fevereiro 17, 2017

ELEGIA (Sophia de Mello Breyner Andresen)
Aprende
A não esperar por ti pois não te encontrarás
No instante de dizer sim ao destino
Incerta paraste emudecida
Ε os oceanos depois devagar te rodearam
A isso chamaste Orpheu Eurydice —
Incessante intensa lira vibrava ao lado
Do desfilar real dos teus dias
Nunca se distingue bem o vivido do não vivido
O encontro do fracasso —.
Quem se lembra do fino escorrer da areia na ampulheta
Quando se ergue o canto
Por isso a memória sequiosa quer vir à tona
Em procura da parte que não deste
No rouco instante da noite mais calada
Ou no secreto jardim à beira rio
Em junho.

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