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fevereiro 18, 2023

LÍLIA TAVARES, in EVOCAÇÃO DAS ÁGUAS (Porto, 2015)


Abro páginas,
rompo silêncios
na margem
ondulada dos teus cabelos.
Sei de cor a outra margem
do rio onde te demoras 
como casa alucinada que percorro.
Vagueio o corpo alucinado,
farrapo nos ventos
das nossas memórias.
Cobrem as paredes 
e vivem nas janelas da fome
da pele onde não pernoitas.

Num dia sem horas
esperarei por ti
vestida de laços brancos como os silêncios
por desatar.
E será noite e manhã no limiar 
das palavras de um poema
que se abrasam e clamam sem parar.