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outubro 13, 2024

BEIJEMO-NOS APENAS ( António Botto )

 Não. Beijemo-nos, apenas,

Nesta agonia da tarde.

Guarda –
Para outro momento
Teu viril corpo trigueiro.

O meu desejo não arde
E a convivência contigo
Modificou-me – sou outro.

A névoa da noite cai.

Já mal distingo a cor fulva
Dos teus cabelos. – És lindo!

A morte
Devia ser
Uma vaga fantasia!

Dá-me o teu braço: – não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos, apenas!,
– Que mais precisamos nós?