Quando a alma empalidece,
O blogue tem a proposta de divulgar e valorizar a poesia universal sempre com ilustrações que procuram enaltecer a beleza feminina e respeitando sempre os autores das obras aqui postadas. "O único jeito de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua". ( Gustave Flaubert )
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25/11/2024
MEMÓRIAS DOS INSTANTES ( Alba Simões )
ACHAMOS ( Fernanda Villas Boas )
Achamos um quarto e lá nos instalamos
PALAVRAS DESPIDAS ( Alba Simões )
O meu sonho, navegante vai.
24/11/2024
CANÇÃO DA PLENITUDE ( Lya Luft )
Não tenho mais os olhos de menina
ORAL ( Paulo Soares )
Antes
Do coito,
Do gozo
Da consoante com a vogal.
Verdade seja dita!
O prazer da transa escrita
Passa primeiro pela linguagem oral.
by Paulo Soares
23/11/2024
UM SOPRO DE VIDA (Pulsações) ( Clarice Lispector )
Ela é tão livre que um dia será presa.
21/11/2024
ESTE LIVRO ( Florbela Espanca )
Este livro é de mágoas. Desgraçados
VELHINHA E MOÇA ( Florbela Espanca )
O tempo, mansamente, há de espalhar
20/11/2024
by Lília Tavares
Há mulheres que falam silêncio. Enchem a vida como um
16/11/2024
CAUDAIS ( Lívio de Oliveira )
explode sob a blusa transparente
da moça incauta
e se conduz à minha língua
sedenta de líquidos sagrados,
vinhos e mostos,
óleos e leites.
Formas circulares,
arredondadas,
preenchidas e recobertas
por matéria mágica.
Tudo é santo
nessa dama eufórica.
Sorriso puro de aprendiz,
neófita de posições,
de atitudes,
e eu, louco vampiro.
alimentando-me
de sua pureza,
agora já descoberta,
como seu corpo
que emerge das águas
e dos sais
desse mar de gozos
abissais,
cachoeiras e fontes
que jorram de mim.
ALUCINAÇÃO MOLHADA ( Lívio de Oliveira )
nem me ocuparei com a chuva,
já que mantenho
em meu peito doído e morno
a eterna ilusão de te possuir.
Guardarei, sim, os movimentos
de teus pés inquietos,
artelhos, ancas e joelhos.
E serei indormido vigilante
do ziguezaguear de teu pescoço
desnudado.
A artéria delicada pulsa
todo o sangue
que te alimenta
e que escorre pelo lábio
no êxtase da longa noite
– caça, golpes certos,
intensos, profundos –
e os dentes se arremessam
na penetração anatômica
exata de outra tua irmã,
tão livre, tão vampira,
com quem estive há pouco.
De teu voo surge
única e verdadeira revolução
de onde desponta,
insólito,
quase móvel,
atrevido invasor.
Um leve sinal negro
cresce em formas
as mais estranhas,
as mais bizarras,
formando um ser gigante,
uma fêmea superior,
pálida,
pálida,
linda,
linda,
com a boca derramando
líqüido rubor.
Os cabelos,
rédeas que prendo a uma só mão,
guiam-me para um espaço
abstrato, etéreo.
Ali, numa dimensão
que desconheço,
inebriado,
conforto-me da madrugada
fria, fria, fria,
acreditando que tua sedução
e teu pouco calor
serão, mais tarde, minha toda
(porém improvável)
salvação.
RUPI KAUR, in LEITE E MEL
dizes para me acalmar
ARAGEM ( Gonçalo Salvado )
Como aragem perfumada
15/11/2024
NADA CONTRA ( Joaquim Pessoa )
Nada tenho contra o escaravelho
POEMA SOBRE A VELHICE ( José Saramago )
Quantos anos eu tenho?
14/11/2024
IMPROVÁVEL POEMA ( Ana Cláudia Quintana Arantes )
Um poema é algo mutável
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO ( Hilda Hilst )
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
09/11/2024
HISTÓRIA DE UM SORRISO ( Rita Gaspar )
O teu sorriso desperta o meu
e quando os teus olhos o vêem
ele abre-se mais
abre-se todo e espalha-se
pelo meu corpo que é já teu
e que se solta e vibra
na cadência fina do teu olhar
(imperceptível, mas fundo)
Enquanto a temperatura sobe
o teu toque desperta a minha música
como se eu toda fosse
um instrumento de cordas
sobre uma pele hirta e lisa
em corpo de madeira quente e rijo
pronto para receber o teu desejo
num beijo que inunda
uma língua que procura
como se tu todo fosses
um mar de ondas
que me invade e não se detém
(uma fome que não se sacia)
CANTO DE GUEIXA II ( Rita Gaspar )
Sonhei contigo a minha noite
e em ti o meu amor
Quantas frases serão precisas
tanto amor assim…
tanto desejo
desde quando?
Ontem era Agosto
amanhã é lua cheia
hoje somos levados pela madrugada
Faço amor contigo na areia fria
sou alvorada à espera do calor
da tua manhã
o meu corpo crepúscula enquanto
ainda não me fazes noite
Só tu acordas o meu corpo com o teu canto
CANTO DE GUEIXA I ( Rita Gaspar )
Os pés e as mãos atados, encantados
sentem já mil carícias ao encontro
do sopro leve da tua voz
A magia dos teus dedos
antecipa o desejo no meu corpo
só ele me liberta
me dá sentido, sentir, prazer
é ele que me mantém presa
suspensa, gueixa adormecida
Sobre mantos de esperas
passam luas e estrelas
verões e primaveras
e os olhos são silêncio
doce fardo, suave terra
Esperar-te é apurar a saudade
o desejo conjugado na ausência
presente-mais-que-próximo
momento-mais-que-perfeito
esse em que tu regressas
e me envolves e me deleitas