Na vertente sudoeste de Capri
encontrámos uma pequena gruta desconhecida
onde não havia pessoas e
entrámos nela completamente
e deixámos que os corpos perdessem toda
a solidão.
Todos os peixes que tínhamos em nós
tinham fugido por um minuto.
Os peixes a sério não se importaram.
Não lhes perturbámos a vida pessoal.
Vagueámos calmamente sobre eles
e debaixo deles, soltando
bolhas de ar, pequenas e brancas,
balões, subindo, disseminando-se
rumo ao sol junto ao barco
onde o barqueiro italiano dormia
com o chapéu sobre o rosto.
Água tão límpida que podíamos
ler um livro através dela.
Água tão viva que podíamos
flutuar, apoiados no cotovelo.
Deitei-me nela como num divã.
Deitei-me nela tal e qual como
a Odalisca Vermelha de Matisse.
A água era a minha flor estranha.
Tem de se imaginar uma mulher
sem uma toga ou um lenço
num divã tão profundo quanto uma tumba.
As paredes daquela gruta
eram de todosostons de azul e
tu disseste, “Olha! Os teus olhos
são da cordomar. Olha! Os teus olhos
são da cordocéu.” E os meus olhos
fecharam-se como se ficassem
subitamente envergonhados.