eu quero ver teu corpo
sem filtros, sem aplicativos
você está
a uma tela de distância
e os algoritmos
que permitem que eu te veja
não permitem que o tato
perceba as coisas
que só são vistas
pelo:
pegar
(eu preciso que fique evidente
a urgência desse toque)
logo eu
cheia de não me toques
quero ter você
em minhas mãos
nem que seja
apenas uma vez
me inebriar
nas curvas do teu corpo
sentir teu gosto
entender os ritmos
que te movem
quero memorizar
tua pele, tua textura
os cheiros epidérmicos
que por imagem
parecem de uma suavidade
tão imensa que sinto o ar
me tornar mais leve
apenas de te imaginar
tão de perto
mulher,
eu te quero tanto
que a palavra querer
parece não preencher
a expressão do desejo
que eu sinto
quando se trata de você
meus lábios
querem saber como é teu beijo
minhas mãos querem segurar nas tuas
e descobrir o encaixe capaz
de te segurar comigo
quero dormir com você
quero dormir em você
e quando acordar
ainda inebriada
por tua presença
te entregar amor
mas a uma tela de distância
tudo que minha mão alcança de você
são resultados desses algoritmos
que nos conecta uma a outra
de forma remota
enquanto eu me remonto
na tentativa de engrandecer
e obter um tamanho
que me permita alcançar:
você.