foi bem-te-vi, passarinho assim
que me cantou no ouvido e teu dedo, assim
bem dentro de mim voava em-bebida
te encho te encharco e é nítido que tem dureza
na boca macia enquanto tu diz
me olha, quero engolir
e foi um galho, de árvore assim
que me arrancou um truncado
um jeito-gemido de mexer coberta
um calor que sobe desde o peito
do pé e vai até o cabelo
enrolado na mão enorme
teve um hiato, cores e formas
uma gostosa tinta púrpura
amarela cobalto fazendo
onda onda onda
deixando marcas costurando líquida
miríade de sensações-pinturas
nas nossas mãos-pincéis
cantando bem alto
na minha tela-interna
e assinando embaixo:
ternura é coisa que se faz com a boca.