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23/01/2025

Lília Tavares, in NAS MÃOS A SEDE DOS PÁSSAROS

 Não, elas não são esculturas nómadas. Nem lagos

vazios. Nunca serão caminho desvirtuado de flores.
Resistem à cegueira de quem as pisa.
Não lhes voltem a cara se os seus traços não se
aproximam dos de afrodite.
Elas mostram no rosto o viço das cerejas em tardes
de calor.
São fontes e corre delas água fresca.
De mármore ou granito róseo e cinzento, ocultam na
alma o cinzel cativo de camille e o escopro
arrebatado de rodin.
Para não cristalizarem de tristeza, ausentam-se do
silêncio do esquecimento.
Reaparecem. Trazem rostos e mãos de carne.
Beijam com lábios escarlates.
As mulheres.