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24/01/2025

SEU CHEIRO ( Célia Moura )

 Do seu corpo guardo o cheiro a fêmea,

a mulher que me conteve de lés a lés
sempre que seus olhos me incendiavam
de paixão e neles naufragava
somente para me salvar.
Ainda lhe ofereço as mesmas flores,
e ao entardecer
por vezes visito seu sono
com poesia entre mãos
chuvas escorrendo saudade pelo rosto.
Sento-me no verde do chão
e creio que por um instante
mais veloz que o vento
sinto o palpitar suave de um coração.
É quando parto inaugurado de luz
desta ausência gritante de silêncio
que guardo em segredo.
Seu cheiro que em mim habita
sorri, embriagando-me de jasmim.
Imagino-a outra vez
empoleirada no varandim desnudado da memória
gargalhando como uma criança
entrelaçada em mim
cantarolando para o mar
até adormecer lauta e exausta
em seu porto de abrigo
meu corpo
nossos corpos tão aflitos
por beijar.