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27/04/2025

TANGO ( Cristina Moita )

 Vem!

Quero dançar!
Nem um tango
Consigo marcar,
Os pés não deslizam,
Os olhos já nem visualizam,
A respiração, nem sei controlar!
Vem devagar!
Ofusca-me o ar
Faz-me sentir o medo
De te poder pisar
Numa aragem de vento
Com o peito a colar
O folgo a soltar
E os lábios a cremar

Numa reviravolta
Não dar

Por tempo passar
E o mundo acabar.

FANTASIAS ( Luisa Demétrio Raposo )

 Em noites de muita paixão fui tua!

Cadência de soluços e de gritos.
Os teus braços... Infinitos!
Minha boca te beijou, nua 
Fogueira a esbrasear que me consome
De ti tenho sede... De ti tenho Fome!


Eu que por ti andei muitos caminhos.
Meu olhar, faminto, de amante!
Um dia vou crucificar-me nos espinhos.
Quando meus olhos forem, de novo, teu mirante


Corpus unnis se desejam .
Hei-de dar-te esta boca, que é só minha!
Lábios de rosa te beijam
No mesmo Luar que um dia te beijou
Onde as minhas garras de poetisa, te prenderão
Num longo mas apaixonante voo

POEMA CARBURANTE ( Luisa Demétrio Raposo )

 Aqui estou eu em silêncio entre o golpe e a translação, interrompida pela metáfora num sentido puramente enigmático, onde o olhar é pensamento.

Reflexos nos longos largos, nos sítios onde o ouvir soa no escuro quando se toca. Entoação.
Oblícula a vista em mim sentida da coisa de torso fechado. Luas vermelhas entre a boca e o ânus onde o nosso tesão fez laços. Entre o meu e o teu e o teu e o meu as chamas explodem.
Bafo no rosto , boca com boca numa frase cheia de àgua no doce acre na testa negra. Abafos lentos nos interiores transmitem as formas. Queimadas no olhar, em pensamento, no ar que interrompe e atravessa as menbranas no quarto. Negras as colinas dos teus braços, que me cortam a órbita, num consumir em pedaços.
A labialdade é gramática, entre o teu folego e a minha escrita se desbravam cavernas de fundo...

ESVAIA ( Luisa Demétrio Raposo )

 Fúlgida,

Fausta,
minha franca flor
Repleta de sol,
Cheira a amor

O fogo que dela floresce,
Nela, tua rocha se acende

Aquele, que de nós mais compreende,
menos obedece

SALIÊNCIAS ( Luisa Demétrio Raposo )

Os sentidos, qual é o sentido?
Dois são pendentes, e um sentido

Estava alto e tenso, o órgão vivo,
O estimulo inflecte nas minhas mãos!

Havia a boca que o tinha... Devastador
Todo o organismo, neutro vago tremor !

Em ti há chamas em... Num estrídulo duro.
Tumefacção da boca, que tem na boca, tem, na língua da boca


Latente, que bate, na fronte, em frente , tua frente louca!
É na boca, á atraz, é na língua, é atraz, voz que suspira, rouca

Torrente impetusoa, incandescente , extrema tensão!
Na exausta haste erecta... Secreta fascinação


EROSÃO DO SENTIDO ( Luisa Demétrio Raposo )

 Com olhar a direito, quotidianamente vivo

Em gestos foitos
Tudo meço,
Tudo sorvo,
Uno, metido, eu peço!
Ânsia de indagar,
Analisar,
Revoluteo, adunca!
Negar!?
É aço de arrasar!
Ardente que eu vogo,
Quando se apagará?


Frémito na coxa, neblina a trilhar-me
Greda a latejar Ah ... La..te...jar

Aridez,
erguida
Teimosa
Desejável
Arqueja,
violenta

Brusco o sopro, o vento!
Vigoroso!
Maduro!
Lá do fundo,
 é o eco.


Àlacre, eu peco!
Macio, o vermelho do canhão
A ti me entrego ou em ti me atordoo


Bisonho
Espasmo... (dor que punja ou obside o nojo)

IRISDESCENTE ( Luisa Demétrio Raposo )

 Odor espesso

Forte!
Suspenso!
No baixo âmbito, no estar
Atraindo a saliência,
Tropegamente,
Tropeças, nas nuas luas
Caiu-me... Aqui... Nas tuas!
Mar adentro, indo;

Está escuro e está denso.
Uma esfera te espera,
Tumulto adentro
Reentrâncias nos teus dentes
A língua, entrando quente.
Profunda , madura, na cavidade
Para fundamente penetrar,
Assim... de...va...gar
Trôpega tensão,
Veloz, em força voluptuosamente,
Ah! Por fora e,
Torrencialmente!
Apelo vago e mudo ,
Ora subindo ora descendo,
Intenso,
Tenso ,
Distenso,
Curvo,
Vertical,
Inclinado,
Horizontal
Dentro!
Erva quente... Na revelação salgada,
No almejo ardente,
Cardial !
Distende-se repressiva energia,
Obscura e grave, na côncava clitorial 

OPACA ( Luisa Demétrio Raposo )

 E,

Ágil é em (ti) infinito.
Na mais ampla imaginação,
(Ah...)
Sussurante (de) fecunda seiva!
De (suas) dunas exilado!

Poisando (como) gaivota num mastro!
É (tua) sorte, morfina de macho
(Na)
Concha irizada,
Caudelosa,
De musgo (és ) consumido
(Re)nasces na vulva
Como Homem!

(E)
Tudo é ardendemente t(meu)!
Numa levada, que me acende e me consome,
Num largo freixo que é m(teu)!

QUATRO ... ( Luisa Demétrio Raposo )

 Este meu prazer,

No querer (tudo) arrasar!

Dúvida crua , no sentar
Ânsia a indigar
Analisar de,
Negar de,
Propor de,
Imaginar... O aço!
Fecundo a trilhar
Vermelho estilhaço,
No meu sentar

Reverdeço,
Reverdeço-me,
Alta, arrogante
Dor do (re)pouso!
Em, mim, perante
Por ti, tudo (eu) ouso
Não em ti obstante ... Humedeço!
Desatino a direito ... No estreito leito

No rosseo, de
Quatro opresso, sem ar
Consolo e sentar,
Sentar e consolo

Tu, prazer e arrasar
recomeçar,
(Pele, osso no osso)
Boca tua suga,
(o pescoço)

Urze irrequieta
Caberá, (a consolação,)
Última,
Alactruze secreta

ELEGIA RECOLHIDA ( Luisa Demétrio Raposo )

 Agitação...

esquecer da agitação
Necessidade insatisfeita?

A luta,
no canal se deita
Numa sesta vertical,
Acre fúria, na horizontal
Relanceio (na rota sorvida)
Pastosa, no lamber fundida

Arde-me o olhar,
do que no teu brilha
Ri-me na boca,
O riso,
que enche a virilha!

Prazer que apazigua
penhor de uma explosão
Ardência nua!
Abjecto determinação

Beijo-te
o fruto transporta
Abraço-te num vórtice
Minaz, de ponta a ponta
(aponta)

Abre-se lenta
Como uma boceta,
A vieira secreta
Capricho começa
Ao ardor, de querer, se continua
Numa fincada de charrua
Rompe a centelha,
Ardente,
A fornalha vermelha

Na ânsia,
muda-se a promessa
Fausto,
o balanço tropeça
Jorra no oculto
(Mestiça)

Afoga-se, no vulto

NITIDEZ ( Luisa Demétrio Raposo )

 Nupcial,

É ser sexual.

Esplendoroso,
É o gozo.

Ogival,
É um anal.

Louca,
É a boca.

Pecado,
É um trago.

Impuro,
É o mais puro.

SENTIMENTOS NUM MAR DORAVANTE ( Luisa Demétrio Raposo )

 Nitidez perturbante , somovente e vesperina,

Queima-me como um desvario em chama!
Fogo alto e violento,
Suor precepitado na explosão germinal.
Estrangulamento!
Deflagra no momento! Concentram-se!
Expande-se! O nó cego!
No membro o brilho lento... Arde!
Em óleo transparente, numa transparência vegetal.
Flexão das articulações, aperta-me com força contra as paredes da respiração
Ansiosa... Ofegante
Vibração dos nervos,
Densa espessura,
Começa aí... Por dentro!
Corda de servos... Obsessão centrípeta.
Escura!
Avidez correndo apressada
Exaltação devastada
Nas hastes vivas centrais
Intensas! Extensas!  Intensas!
É cegueira, múltipla, inúmera, imensa
Trabalho-te nas entranhas, os sextos sentidos
De dentro para fora: de mim em ti
Tu ergues-te e... Estás cego! Na fronte, a tremer, a vibrar!

NA PENUMBRA PULSA ( Luisa Demétrio Raposo )

 Desnuda a voz,

Funda suspensão
Transparências
- A elas me entreabro.
Num holocausto prazer,
Transparências
- Sopeso milhafre grosso,
(A ele completamente me abro)

Rebenta-me um fulvo potro,
De junco leve e esguio,
(Mudo)
De canavial macio,
Bem dentro,
(Em mim relincha, galopa)
Em pino prumo!

Calor onde tudo amadurece,
Numa mútua posse
Avanço recuo. O riso fruo.

Fundido por nossa vontade,
Fundido seminal, em aço duro

Salubremente ,
Rompe-se a água fecundante,
E...
Em mim,
Tu te vens do futuro

CONFESSA - ME UMA ORGIA ( Luisa Demétrio Raposo )

 Orgia,

da cútis a queimar,
De seios e ostra, ao ar
Na noite ardente, vaginal!
Voga louca, a fenda ogival...
Domínio!
Espraio!
Duro, talo...
Lento, falo...
Confessa...
Confessa-me , uma orgia
Entrou-me (um pénis queria)
Confessa-me essa tua raça,
Na vírgula da tua ereção!
Boca com boca, na sucção
Gesto obsceno,
O fruto aberto
Poeta,
Relincho, no veio secreto
Confessa-te!
Às minhas pernas,
de meias pretas,
Equador,
no meio das duas gavetas
Nua e amarela,
pinga pelos canais,
Afundas penadas ogivais,
Confessa
A tua língua
Em mim... proxeneta!
Na oratória, trombeta 

NÃO PRECISAS DE ME PROCURAR ( José Jorge Letria )

 Aqui não precisas de me procurar

para me encontrares, que eu estou,
omnipresente, em todo o chão que pisas,
duplicando a tua sombra,
deixando um rasto de brisa,
um aroma de urze na marca dos teus passos.
Com esta roupa visitaremos os pátios,
os átrios de dança e do encantamento.
As nuvens aninhadas atrás da lua,
na olorosa paz da madrugada,
são o mapa das errâncias da fala
enquanto o coração, indefeso, capitula.

ODE AO GATO ( José Jorge Letria )

 Tu e eu temos de permeio

a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.


 


 

HEI DE TRAZER -TE AQUI ( José Jorge Letria )

 Hei-de trazer-te aqui para te mostrar

os pequenos barcos brancos
que levam o Verão desenhado nas velas
e trazem no bojo a alegria dos arquipélagos
onde se ama sem azedume nem pressa.
Aqui, temos a ilusão breve
de que os dias sabem a pólen
e esvoaçam nas asas das abelhas
como cartas eternamente sem resposta.

A SOFREGUIDÃO DE UM INSTANTE ( José Jorge Letria )

 Tudo renegarei menos o afecto,

e trago um ceptro e uma coroa,
o primeiro de ferro, a segunda de urze,
para ser o rei efémero
desse amor único e breve
que se dilui em partidas
e se fragmenta em perguntas
iguais às das amantes
que a claridade atordoa e converte.
Deixa-me reinar em ti
o tempo apenas de um relâmpago
a incendiar a erva seca dos cumes.
E se tiver que montar guarda,
que seja em redor do teu sono,
num êxtase de lábios sobre a relva,
num delírio de beijos sobre o ventre,
num assombro de dedos sob a roupa.
Eu estava morto e não sabia, sabes,
que há um tempo dentro deste tempo
para renascermos com os corais
e sermos eternos na sofreguidão de um instante.

BALADA DA BÓSNIA (Joseph Brodsky)

 Enquanto te serves de um uísque,

esmagas uma barata, olhas para o relógio,
enquanto compões a gravata,
há pessoas a morrer.

Em cidades com nomes curiosos,
atingidas por balas, apanhadas pelas chamas,
em regra sem saberem porquê,
as pessoas morrem.

Em pequenas localidades desconhecidas,
porém vastas, que não deixam hipótese
de gritar ou dizer adeus,
há pessoas a morrer.

As pessoas morrem enquanto eleges
novos apóstolos da incúria,
do autodomínio, etc. — pelos quais
as pessoas morrem.

Demasiado longe para o amor
pelo vizinho/irmão eslavo,
onde os querubins temem voar,
há pessoas a morrer.

Enquanto observas a pontuação dos atletas,
verificas o último extrato, ou
cantas uma canção de embalar ao teu filho,
há pessoas a morrer.

O tempo, cuja cortante sede de sangue separa
os mortos daqueles que matam,
anunciará a tribo derradeira
como o teu grupo sanguíneo.
(Tradução: Lauro Machado Coelho)

É BOA A GUERRA ( Stephen Crane )

 Não chores, rapariga, é boa a guerra.

Lá porque o teu rapaz ergueu as mãos ao céu
E a galope o cavalo se perdeu,
Não chores, não.
É boa a guerra.

Tambores de regimento rufam roucos,
E esta gente sequiosa de lutar
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
A inexplicada glória os sobrevoa,
É grande o deus da guerra, e é seu reino
Um campo com milhares a apodrecer.

Não chores, criancinha, é boa a guerra.
Porque o teu pai tombou na lama da trincheira,
Esfacelado o peito e já sem vida,
Não chores, não.
É boa a guerra.

Bandeiras crepitando esvoaçantes,
Águias douradas, rubras! Esta gente
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
Mostrai-lhe as eficácias do massacre,
Dizei-lhe a excelência de matar,
De um campo com milhares a apodrecer.

Mãe cujo amor é qual botão mesquinho
Na esplêndida mortalha do teu filho,
Não chores, não.
É boa a guerra.

ADORMECI NUM RIO ( Louise Gluck ) ( Tradução: Rui Pires Cabral)

Adormeci num rio, acordei num rio,

da minha misteriosa
incapacidade de morrer nada sei
dizer-te, nem
de quem me salvou ou por que razão –

Havia um silêncio imenso.
Nenhum vento. Nenhum som humano.
O século amargo

tinha chegado ao fim,
o glorioso, o duradouro,

o sol frio
persistia como uma antiqualha, um memento,
com o tempo a correr por detrás –

O céu parecia muito límpido,
como no inverno,
o solo seco, inculto,

a luz oficial atravessava
calmamente uma fresta no ar

digna, complacente,
desfazia a esperança,
subordinava imagens do futuro aos sinais da passagem do futuro –

Julgo que caí.
Só à força pude tentar levantar-me,
tão estranha me era a dor física –

Tinha esquecido
a dureza destas condições:

a terra, não obsoleta,
mas quieta, o rio frio, pouco profundo –

Do meu sono não recordo
nada. Quando gritei,
a minha voz trouxe-me um inesperado consolo.

No silêncio da consciência, perguntei-me:
porque rejeitei a minha vida? E respondi
“Die Erde überwältigt mich:“
a terra derrota-me.

Tentei ser exacta nesta descrição,
para o caso de alguém me seguir. Posso garantir
que o pôr-do-sol no inverno é
incomparavelmente belo e a memória dele
dura muito tempo. Julgo que isto significa

que não havia noite.
A noite estava dentro de mim.

26/04/2025

AMOR DA PALAVRA, AMOR DO CORPO ( António Ramos Rosa )

A nudez da palavra que te despe.
Que treme, esquiva.
Com os olhos dela te quero ver,
que não te vejo.
Boca na boca através de que boca
posso eu abrir-te e ver-te?
É meu receio que escreve e não o gosto
do sol de ver-te?
Todo o espaço dou ao espelho vivo
e do vazio te escuto.
Silêncio de vertigem, pausa, côncavo
de onde nasces, morres, brilhas, branca?
És palavra ou és corpo unido em nada?
É de mim que nasces ou do mundo solta?
Amorosa confusão, te perco e te acho,
à beira de nasceres tua boca toco
e o beijo é já perder-te.

22/04/2025

MERIDIONAL CABELOS ( Cesário Verde )

 Ó vagas de cabelo esparsas longamente,

Que sois o vasto espelho onde eu me vou mirar,

E tendes o cristal dum lago refulgente

E a rude escuridão dum largo e negro mar;

Cabelos torrenciais daquela que me enleva,

Deixai-me mergulhar as mãos e os braços nus

No báratro febril da vossa grande treva,

Que tem cintilações e meigos céus de luz.

Deixai-me navegar, morosamente, a remos,

Quando ele estiver brando e livre de tufões,

E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos

E enchamos de harmonia as amplas solidões.

Deixai-me naufragar no cimo dos cachopos

Ocultos nesse abismo ebânico e tão bom

Como um licor renano a fermentar nos copos,

Abismo que se espraia em rendas de Alençon!

E, ó mágica mulher, ó minha Inigualável,

Que tens o imenso bem de ter cabelos tais,

E os pisas desdenhosa, altiva, imperturbável,

Entre o rumor banal dos hinos triunfais;

Consente que eu aspire esse perfume raro,

Que exalas da cabeça erguida com fulgor,

Perfume que estonteia um milionário avaro

E faz morrer de febre um louco sonhador.

Eu sei que tu possuis balsâmicos desejos,

E vais na direção constante do querer,

Mas ouço, ao ver-te andar, melódicos harpejos,

Que fazem mansamente amar e elanguescer.

 

E a tua cabeleira, errante pelas costas,

Suponho que te serve, em noites de verão,

De flácido espaldar aonde te recostas

Se sentes o abandono e a morna prostração.

E ela há-de, ela há-de, um dia, em turbilhões insanos

Nos rolos envolver-me e armar-me do vigor

Que antigamente deu, nos circos dos Romanos,

Um óleo para ungir o corpo ao gladiador.

...............................................................................

Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio,

Na vossa vastidão posso talvez morrer!

Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio

E quero asfixiar-me em ondas de prazer.

OS ANJOS DO CORPO - IV ( Maria Teresa Horta )

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