Floriram para mim breves instantes
fui poeira no teu deserto,
pirilampo esvoaçando na tapada
onde os grilos ainda cantam,
à toa.
Deste-me vazio, artifícios vários
e ausência.
Edifiquei alicerces, plantei sementes
e no fogo que em mim habita
continuo a construir amor
e sonho como só aos loucos
é permitido fazer.
Floriram em mim alvoradas de núpcias
entrego o meu corpo ao mar
não voltarei atrás
sigo esta loucura
jamais te direi adeus
porque te matei e sepultei
há tantos anos a um canto do jardim.