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novembro 14, 2016

A CASTIDADE COM QUE ABRIA AS COXAS 
(Carlos Drummond de Andrade)
A castidade com que abria as coxas 
e reluzia a sua flora brava. 
Na mansuetude das ovelhas mochas, 
e tão estrita, como se alargava. 

Ah, coito, coito, morte de tão vida, 
sepultura na grama, sem dizeres. 
Em minha ardente substância esvaída, 
eu não era ninguém e era mil seres 

em mim ressuscitados. Era Adão, 
primeiro gesto nu ante a primeira 
negritude de corpo feminino. 

Roupa e tempo jaziam pelo chão. 
E nem restava mais o mundo, à beira 
dessa moita orvalhada, nem destino.




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