Seguidores

dezembro 09, 2016

A TUA BOCA (Joaquim Pessoa)

A tua boca. A tua boca. 
Oh, também a tua boca. 

Um túnel para a minha noite. 

Um poço para a minha sede. 
Os fios dormentes de água 
que a tua língua solta num grito cor-de-rosa 
e a minha língua sorve e canta 
e os meus dentes mordem derramando a seiva 
da tua primavera sem palavras 
o poema inquieto e livre que a tua boca oferece 
à minha boca. 

As loucas bebedeiras de ternura 
por essa viagem até ao sangue. 

Os beijos como fogueiras. 

As línguas como rosas. 
Oh, a tua boca para a minha boca.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário