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17/12/2016

SONETO DE AMOR ( José Régio )

Não me peças palavras, nem baladas, 
Nem expressões, nem alma. Abre-me o seio, 
Deixa cair as pálpebras pesadas, 
E entre os seios me apertes sem receio. 

Na tua boca sob a minha, ao meio, 
Nossas línguas se busquem, desvairadas. 
E que os meus flancos nus vibrem no enleio 
Das tuas pernas ágeis e delgadas. 

E em duas bocas uma língua, - unidos, 
Nós trocaremos beijos e gemidos, 
Sentindo o nosso sangue misturar-se. 

Depois, - abre os teus olhos, minha amada! 
Enterra-os bem nos meus; não digas nada. 
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!