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23/01/2017

EPIGRAMA 2 (Nuno Júdice)
A loucura é a grandeza dos simples:
assim são eles mais do que eles,
colhendo flores brancas e reles.

Os doidos, de olhos arregalados,
crescem devagar como as árvores:
só não dão folhas nem frutos.

Amo as suas frases sem sentido:
dobram nelas os sinos abstratos
de um campanário sem janelas.

Dai-me, ó loucos, a vossa razão
- esses remos de subir o tempo
até à fonte de um deus obsceno e nu.
 

*Nuno Júdice 
In A Condescendência do Ser, 1988.