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março 14, 2017

SONETO (Mário de Andrade) 
Aceitarás o amor como eu o encaro?
Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes moveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade e simples, e isto apenas.
Que grandeza. A evasão total do pelo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

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