NOTURNOS VIII (de cristais partidos)
(Gilka Machado)
(Gilka Machado)
É noite. Paira no ar uma etérea magia;
nem uma asa transpõe o espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a lua, do alto, fia
véus luminosos para o universal noivado.
Suponho ser a treva uma alcova sombria,
onde tudo repousa unido, acasalado.
A lua tece, borda, e para a terra envia,
finos, fluidos filós, que a envolvem lado a lado.
Uma brisa sutil, úmida, fria, lassa,
erra de quando em quando. É uma noite de bodas
esta noite há por tudo um sensual arrepio.
Sinto pelos no vento é a volúpia que passa,
flexuosa, a se roçar por sobre as coisas todas,