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01/05/2017

NOTURNOS  VIII (de cristais partidos)
(Gilka  Machado)
É noite. Paira no ar uma etérea magia;
nem uma asa transpõe o espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a lua, do alto, fia
véus luminosos para o universal noivado.

Suponho ser a treva uma alcova sombria,
onde tudo repousa unido, acasalado.
A lua tece, borda, e para a terra envia,
finos, fluidos filós, que a envolvem lado a lado.

Uma brisa sutil, úmida, fria, lassa,
erra de quando em quando. É uma noite de bodas
esta noite há por tudo um sensual arrepio.

Sinto pelos no vento é a volúpia que passa,
flexuosa, a se roçar por sobre as coisas todas,

como uma gata errando em seu eterno cio.