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19/05/2017

ODE A LÍDIA 
Jayro  José  Xavier)

Esta súbita chuva que desaba 
pela pele morena 
de teu rosto 
por teu riso por teus ombros 
pelos teus longos 
cabelos 
cai na terra 
                — ouve bem — 

com o peso, o 
doce peso de milénios. 


Pois verdade é que outra 
é a água 
               mas a mesma 
(escorrendo pela 
gloriosa nudez 
de teu corpo) 
mesmo o cheiro húmido 
da terra, mesmo 
nas árvores 
o áspero, esperado canto 
de verão. 


Tudo, nada mudou. 

Pois verdade é que outra 
é a água 
                mas a mesma 
(escorrendo pela 
gloriosa nudez 
de teu corpo) 
mesmo o cheiro húmido 
da terra, mesmo 
nas árvores 
o áspero, esperado canto 
de verão. 


Tudo, nada mudou. 

Bebe pois desta água 
                         bebe 
bebe com todo o teu corpo 
até que toda te farte 
bebe 
               até que te embriague 
a milenar 
experiência 
do planeta. 


Bebe e 
       (sábia) 
colhe nas mãos o momento 
que esvoaça 
— este breve momento em que 
como duas crianças 
somos 
                   e amamos.