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04/08/2017

CREPÚSCULO ( Florbela Espanca )

CREPÚSCULO (Florbela  Espanca)
Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
Batendo as asas leves, irisadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes.

E os lírios fecham. Meu Amor, não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes.

O Silencio abre as mãos, entorna rosas.
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando.

E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente palpitando.