A CURVA DO RIO (Ana Paula Tavares)
Desces a curva do meu corpo, amado
com o sabor da curva de outros rios
contas as veias e deixasses as mãos pousarem como asas
como vento
sobre o sopro cansado
sobre o seio desperto.
Parte a canoa e rasga a rede
tens sede de outros rios
olhos de peixes que não conheço
e dedos que sentem em mim a pele arrepiada
d'outro tempo.
Sou a esperança cansada da vida
que bebes devagar
no corpo que era meu
e já perdeste
andas em círculos de fogo
à volta do meu cercado
Não entres, por favor não entres
sem os óleos puros do começo
e as laranjas.