NA SERENIDADE DOS RIOS QUE ENLOUQUECEM (Paulo Eduardo Campos)
Esta noite encheu-se de lobos.
Vagueiam pelo chão do quarto
De onde te escrevo.
Neste chão que te ouviu rir,
Quando tu eras o som
De todo este silêncio.
Os anjos soltaram-se do meu olhar,
Dos meus olhos feitos de tempo,
Que já não te acompanham
Pelos lugares onde passeias.
As asas quebraram os ventos
Fortes e cansados do karma.
Por dentro do sonho,
Floresce o sono que vestiu o teu corpo.
O sono que leva os poetas,
Soldados e amantes.
Nesta noite, antes e depois
De nos separarmos,
Eram essas mesmas estrelas
Que existiam no céu.
A alma é um corpo de mulher,