ENTRANHAS (Agostina Akemi)
O sorriso caiu.
Entre as pétalas de mim:
o cio.
Esperma aos farelos.
A lua boia na taça de sangue.
Entre os sopros selvagens,
tórridos toques
(sinceros como um cadáver).
Com os dedos enfiados no vento,
quero lamber a liberdade.
Já esfacelei minhas lágrimas.
Enquanto o sol
baba sobre mim,
vou varrendo minha sombra
com restos de beijos.
A esperança dormiu.
Entre os subúrbios de mim:
a dor.
Bolhas de areia,
cacos de suor.
Há bolor nas estrelas.
Eis-me pecado!
Eis-me boca!
Pouca coisa:
alfinetes incendiados.
O amor vai pingando sobre o telhado,
amargo enquanto vocábulo:
deserto parido.
A vida é um estupro:
nasci para morrer.
Renascer das cinzas,
das sobras,
das teias.
Vou lutar até o orgasmo.
A noite
arrotou.
Assim seja,
assim sangre.
Entre a poeira de mim:
o prazer.
Caroço de paixão.
Vou morrer.
Vou morrer. Mas é só para te humilhar.
Vem.
Degola meu cheiro.
Não sou mulher,