Seguidores

03/11/2017

NOITE ( Fernando Namora )


Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher 
vago e belo e voluptuoso, 
num bailado erótico, com o cenário dos astros, mudos 
                                                                                 e quedos. 
Estrelas que as suas mãos afagam e a boca repele, 
deixai que os caminhos da noite, 
cegos e rectos como o destino, 
suspensos como uma nuvem, 
sejam os caminhos dos poetas 
que lhes decoraram o nome. 
Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher! 
Esconde a vida no seio de uma estrela 
e fá-la pairar, assim mágica e irreal, 
para que a olhemos como uma lua sonâmbula.