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novembro 24, 2017

ESTÂNCIA (Alphonsus de Guimaraens)
Foi a tua beleza?
Foi toda a minha dor?
Não sei, nem sabes, mas na devesa
Chorou cantando o rouxinol do amor.
Ias de preto, leve,
Como uma andorinha no ar.
Pelo céu tranquilo tombava a neve
Do meu pesar.
Como tinhas de ser crucificada,
Abri-te os braços.
O luar, mais brando do que tu, amada,
Vinha guiar os nossos passos.
Agora que cheguei e que chegaste
Ao fim da vida,
Bem sabes que a ilusão com que sonhaste
Foi pérola de bem alto caída
E que vimos enfim no mar perdida.
No mesmo mar ebúrneo do teu seio,
Donde ela em tempos mais felizes veio!