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julho 15, 2024

O SAL DA TERRA ( Eugénio de Andrade )

 Eram o sal da terra, as abelhas, 

no ar leve 
e verde das tílias. 
Iam e vinham ligeiras como se a fadiga 
lhes fosse alheia: algumas 
regressavam à colina 
onde tecem a seda da sombra; 
outras caem a prumo, 
embriagadas com a violenta 
fragância das tímidas flores 
quase apagadas. 
Basta estar atento 
à luz oblíqua para descobrir 
como a perfeição é completa deste lado 
do mundo. Mas só eu agora 
de olhos fechados sigo o seu rumor.