Vês daí como tudo aqui ainda e sempre
treme continuamente, e a descompasso
do real, todos os dias tenho calores
de imaginação, trabalho a libido
do cansaço, se fecho os olhos não durmo,
encho-me, ao invés, de fricções. Depois
no outro plano, já sentiste, custa-me
estar presente: das consecutivas vezes
que nos tocámos na boca, estudei os beijos
como uma alegoria embaraçosa:
tudo sob o comando diferido
da cabeça, com tensão mais que tesão,
a minha língua esgrimia a tua, quase
nada clamava ou humedecia, talvez
exceptuando um latido pequeno de amor
a pingar com irritação, não sei,
e além do mais haveria a indagar
se são de facto compatíveis nossas
espécies, se nisso há inevitabilidade,
ou onde preciso das tuas carícias
nos anéis das cervicais ou dedos
na pele ou o princípio do escuro
a partir do perímetro da cintura.