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agosto 03, 2024

Por Hilda Hilst

 Amargura no dia

amargura nas horas
amargura no céu
depois da chuva,
amargura nas tuas mãos

amargura em todos os teus gestos

Só não existe amargura
onde não existe ser.

Estão sendo atropelados
em seus caminhos,
os que nada mais têm a encontrar.
Os que sentiram amargura de fel
escorrendo da boca,
os que tiveram os lábios
macerados de amor.
Estão terrivelmente sozinhos
os doidos, os tristes, os poetas.

Só não morro de amargura
porque nem mais morrer eu sei.