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outubro 16, 2024

NUA ( Saúl Dias )

 I

Nua
como Eva.
A cabeleira
beija-lhe o rosto oval e flutua;
o corpo
é água de torrente.
Eva adolescente,
com reflexos de lua
e tons de aurora.
Roseira que enflora.
Desflorada por tanta gente.
II
Teu corpo,
mal o toquei.
Só te abracei
de leve.
Foi todo neve
o sonho que alonguei.
Asas em voo,
quem, um dia, as teve?
Os sonhos que eu sonhei!
III
Jeito de ave
e criança,
suave
como a dança
do ramo de árvore
que o vento beija e balança!
Nave
de sonho
no temporal medonho
silvando agoiro!
Quem destrançou os teus cabelos de oiro?
IV
Corpo fino,
delicado,
sereno, sem desejos.
Tão macio,
tão modelado.
Beijos... Beijos... Beijos...
V
No meu sono
ela flutua
a cada passo.
Nua,
riscando o espaço
numa névoa de outono.
Apenas nos cabelos
um azulado laço.
E assim enlaço
a imagem sua.