Cresceu na contracapa da vida,
e contra a ordem natural do mundo
se inaugurou.
Escreveu coisa alguma
e na face de uma lua imensa e cheia
se fez de novo menina.
Então, repleta de êxtase
rasgou o passado de lés a lés,
em suas mãos renasceu mulher
e se exilou.
De seu ventre resplandeceram
tulipas imaculamente brancas
de saudade,
cálices de fino cristal
embebedando ninfas.
Viveu na contracapa
de todos os poemas
fez-se silêncio e meretriz,
invocação naufragada
da paixão que concebera.
Devorou gritos estridentes de hienas
e se embriagou de Amor
vomitando o sangue de antigas preces
quando toda a miséria em farpas
a trespassou.
Partiu na contramão da vida
mas voou plenitude
e foi a mais pura poesia.