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11/05/2025

O CORPO INSURRECTO ( Luiza Neto Jorge )

Sendo com o seu ouro,
aurífero, o corpo é insurrecto. Consome-se,
combustível, no sexo, boca e recto. Ainda antes que
pegue aos cinco sentidos a chama, por um aceso
acesso da imaginação ateiam-se à cama ou a sítio
algures, terra de ninguém,(quem desliza é o espaço para o
corpo que vem),labaredas tais que, lume,
crepitam nos ciclos mais extremos, nas résteas mais
íntimas, as glândulas, esponjas que os corpos
apoiam, zonas aquáticas onde os órgãos boiam. No
amor, dizendo acto de o sagrar, apertado o corpo do
recém-nascido no ovo solar, há ainda um outro corpo
incluido, mas um corpo aquém de ser são ou podre, um
repuxo, um magma, substância solta, com
pulmões. Neste amor equívoco(ou respiração), sendo um
corpo humano, sendo outro mais alto, suspenso da
morte, mortalmente intenso, mais alto e mais denso, mais
talhado é o golpe quando o põem em prática com
desassossego na respiração e o sossego cru de
quem, tendo o corpo nu, a carne ardida, lhe pede o
ladrão a bolsa ou a vida.