Seguidores

dezembro 12, 2016

RETRATO ARDENTE (
Eugénio de Andrade)

Entre os teus lábios 
é que a loucura acode 
desce à garganta, 
invade a água. 
No teu peito 

é que o pólen do fogo 

se junta à nascente, 
alastra na sombra.

Nos teus flancos 

é que a fonte começa 

a ser rio de abelhas, 
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos 

é que a areia queima, 

o sol é secreto, 
cego o silêncio.

Deita-te comigo. 

Ilumina meus vidros. 

Entre lábios e lábios 
toda a música é minha. 






Nenhum comentário:

Postar um comentário