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11/12/2016

SONETO PARA GRETA GARBO
(Carlos Pena Filho)
(Em louvor da decadência bem comportada)


Entre silêncio e sombra se devora 
e em longínquas lembranças se consome; 
tão longe que esqueceu o próprio nome 
e talvez já nem saiba porque chora. 

Perdido o encanto de esperar agora 
o antigo deslumbrar que já não cabe, 
transforma-se em silêncio, porque sabe 
que o silêncio se oculta e se evapora. 

Esquiva e só como convém a um dia 
despregado do tempo, esconde a face 
que já foi sol e agora é cinza fria. 

Mas vê nascer da sombra outra alegria: 
como se o olhar magoado contemplasse 
o mundo em que viveu, mas que não via.

Foto: Greta Garbo - atriz sueca.