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21/01/2017

LORENA (Carlos Drummond de Andrade)


Lorena, contemplado com malícia,
deixa-se estar, languidamente efebo.
Bailam, sob a atração de luz ambígua,
em seu redor, mutucas de desejo.

E Lorena sorri, sua cabeça
responde não aos gestos insistentes.
Que matéria excitante para o arpejo
noturno, antes-depois da penitência!

Dormir sonham os grandes com Lorena,
mas onde? quando? se este ano letivo
dura uma eternidade, pelo menos,

e depois vem o tempo, o tempo livre,
de viajar na coxa das mulheres
e Lorena se esgarça na lembrança?