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01/08/2017

O MUNDO NECESSITA DE POESIA (Gilka Machado)
O mundo necessita de poesia,
cantemos, poetas, para a humanidade;
que nossa voz suba aos arranha-céus,
e desça aos subterrâneos,
acompanhando ricos e pobres
nos atropelos
das carreiras
de ambição
e na luta pelo pão!

Lavemo-nos das máscaras histriônicas,
tenhamos a coragem
de propalar a existência eterna
do sentimento;
ponhamos termo
a esses malabarismos
de palhaços
falsos
da modernidade,
permanecendo diferentes,
diante da multidão
insensibilizada,
enferma.

A humanidade quer rir de tudo,
porém é alvar sua gargalhada;
foge das tristezas,
mas paira ausente
em meio aos prazeres,
desligada em toda parte,
perdida em si mesma.

O homem anda esquecido
do caminho da fé
que a poesia sempre lhe ensinou.
O homem está inquieto
porque lhe falta a posse das distâncias
que só a poesia proporciona.
O homem se sente miserável
porque a poesia já não lhe enche a alma
daquele ouro inesgotável
do sonho.

O mundo necessita de poesia,
(não importem assuadas)
cantemos alto, poetas, cantemos!
Que seja nossa voz
um sino de cristal,
um sino-guia de perdidos rumos,
vibrando do nevoeiro da inconsciência
do momento angustioso!

Nosso destino, poetas, é o destino
das cigarras e dos pássaros:
- cantar diante da vida,
cantar
para animar o labor do Universo,
cantar para acordar
ideias e emoções;
porque no nosso canto
há um trigo louro,
um pão estranho que impulsiona
o braço humano,
e os cérebros orienta,
uma hóstia
em que os espíritos encontram,
na comunhão da beleza,
a sublimação da existência.
O mundo necessita de poesia,
cantemos alto, poetas, cantemos.