Seguidores

13/01/2024

DIANA NO BANHO ( Vasco Graça Moura )

 via diana

pelo buraco
da fechadura.
era jacuzzi?

banho de espuma?
estava nua,
brilhava flava,
tinha o cabelo

puxado acima,
belas maminhas
à tona de água,
olhos fechados

deliciada,
os pés nas bordas
dos azulejos.
e marulhava

de leve a água,
num chape-chape
de mansa vaga,
como se a lua

mais perfumada
ali pousasse
na porcelana
enevoada.

logo se deu
por servo dela,
para cantá-la,
ensaboada,

e se pudesse
dar-lhe umas quecas
vezes sem conta,
fora da água.

logo por dentro
os seus desejos
o devoraram
espreitador

desprevenido,
dos próprios cães
inda comido.
quanto a diana,

não deu por nada,
não o puniu,
não se vingou.
não precisava.