XXIII
Pões no meu lábio a cor escura das cerejas
Eu coloco a língua purpúrea nos teus lábios
para colher a fruta oculta no teu ventre
embebedar-me da doçura do seu sumo.
Então derramas vinho em minha boca
depois lambes o rubro dos meus seios
e há um roçar de pétalas vermelhas
transmutando seu perfume em chamas lentas
Até que irrompa o incêndio na penumbra
e suba, incontrolável, um grito ardente.
Depois, tudo serena em meio às cinzas
e mergulhamos no sono oloroso e fundo