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outubro 23, 2024

MULHER ( Célia Moura )

 Repouso na ternura dos teus braços,

Mulher
E tudo em ti é púrpura
Longínquo
Amor, dor, poente ou nascente
Luz sem fim
Luz de ti.

Repouso na colina
Dos teus seios
Que me lembram minha Mãe,
Ó mulher que inflamas e esqueces qualquer dor!

Repouso todas as lembranças em teu ventre de açucenas brancas
És minha Virgem Santíssima,
Mas perdoai-me Senhor, és a minha Mulher digníssima
A mãe, a amiga, a amante, a companheira
A chama acesa
A canção mais triste
O meu maior tormento
O meu alento…

Ai Mulher
Meu cansaço não é teu repouso!

Teu repouso pertence a um reino mais distante.
Pertence à essência maior que de teu ventre brota
E eu não sei
Nem entendo.

Pertence aos montes e às planícies quando lhes sorris
E aos pardais que saltitando vão labutando em teu redor
Meu amor.
Teu segredo.

Teu repouso
Mulher
Pertence às eras mais distantes…

Às Tágides
E às sereias
Que só Camões
Sabia evocar!
…Ao piano e aos acordes de guitarra entre a tua dolorida voz
Quando eu te permitia com orgulho cantar
Para toda a gente
Meu amor.

Hoje, mais livre que eu
És tu quem repousas no meu ombro quando regressas a casa
Tão exausta, tão só
Quase finda de ti
Ainda assim sorridente
Ainda assim cantando, com as lágrimas escorrendo
Pelo teu rosto de marfim
Adormecendo nossos filhos
Mulher.

És o meu,
O nosso alicerce, bem firme
A coluna de mármore rosado entre
Todos os temporais.

E, o meu repouso já não é o teu repouso,
Mas ainda é a ternura dos teus braços
Que me elevam ao êxtase maior da sensualidade
De um cântico de sereia.

Ai mulher!
Fosse eu escultor dos tempos, de todo alento ou desalento
E tu serias minha única contemplação
Além da Via Láctea
Consagração plena, pura, divina
Para toda a Eternidade
Tão pura, tão púrpura de ti!

Mulher Amada!