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novembro 17, 2016

SEM QUE EU PEDISSE, FIZESTE-ME A GRAÇA
Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.
Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto

mas tua boca está presente, adorando.
Adorando.
Nunca pensei ter entre as coxas um deus.
- Carlos Drummond de Andrade, em "O Amor Natural". Rio de Janeiro: Record, 1992.