O blogue tem a proposta de divulgar e valorizar a poesia universal sempre com ilustrações que procuram enaltecer a beleza feminina e respeitando sempre os autores das obras aqui postadas. "O único jeito de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua". ( Gustave Flaubert )
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30/05/2017
NEM SÓ (Maria Tereza Horta)
E cobertos de gaze transparente,
Despertando-nos um desejo ardente
Rígidos, seios alvos, tremulantes.
Tem nos olhos um brilho reluzente.
Vendo-os fitos em mim, claros, vibrantes,
Sinto invadir-me as carnes delirantes
A chama da volúpia, de repente.
Ah! se humano olhar a alma devassasse,
Talvez grande castigo me esperasse
Se descendesse de algum tronco régio.
Mas, o desejo da carne não reprime:
Se desejá-la constitui crime
Deixar de desejá-la é um sacrilégio.
CAIXINHA DE MÚSICA (Ana Mafalda Leite)
impregno-me em ti como um perfume
como quem veste a pele de odores ou a alma de cetins
quero que me enlaces ou me enfaixes de muitos laços
abraços fitas ou fios transparentes
em celofane brilhando uma prenda
uma menina te traz vestida de lumes
incandescendo incandescente
te quer embrulhado em véus de seda e brocado
encantada a serpente a flauta o mago
senhor a toca
e quando me toca
o corpo eu abro
caixinha de música
dentro
com bailarina que dança